Substituir o aquecimento pelo alongamento é um grande erro na prática do esporte. “Forçar a musculatura sem um preparo prévio pode incorrer em traumas, e principalmente, distensão muscular”. O alerta é do professor de educação física e doutor em ciências pedagógicas Ramón Alonso López, autor da pesquisa Aquecimento x Alongamento na Flexibilidade, realizado  na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília. ”Somente quando o corpo já está aquecido, ele torna-se mais flexível e elástico. Depois dessa fase pode-se fazer alongamentos“, explica López. Para entender a diferença entre os dois tipos de exercícios, o conceito de aquecimento é a repetição de exercícios para aumentar a circulação sangüínea, lubrificar as articulações, aumentar a temperatura corporal, melhorar o desempenho e prevenir lesões, entre outras. E o alongamento é um movimento lento que busca a elasticidade máxima do músculo dentro do limite do corpo. Por exemplo, uma corrida leve é um aquecimento, girar os braços ou flexionar os joelhos e rodar também. Mas tentar alcançar o pé com as mãos flexionando a coluna para frente é um alongamento, esticar todo o corpo para cima e ficar na ponta do pé também.
MAIS ELÁSTICAS – Eis alguns benefícios do alongamento: melhoria do desempenho, redução da dor muscular após o exercício e redução das chances de distensão. Normalmente, devido às diferenças fisiológicas, mulheres são mais elásticas que os homens e eles são mais fortes que elas. O aquecimento aumenta o fluxo sanguíneo nos músculos, lubrifica as articulações e melhora a elasticidade dos músculosO estudo foi realizado com 20 alunos da disciplina Medidas e Avaliações em Educação Física, da Faculdade de Educação Física (FEF) da UnB. Os estudantes foram divididos em três grupos, cada um com duas mulheres. “A turma toda tinha apenas seis mulheres e para ter uma amostra homogênea em cada grupo, foi necessário dividi-las pelos grupos”, explica o estudante da FEF Paulo Aires de Lucena Leal, que ajudou López na coleta e análise de dados. Todos os voluntários fizeram o teste de banco de Wells, utilizado para medir a flexibilidade da parte posterior do tronco e pernas. A pessoa senta-se de frente para o banco, colocando os pés no apoio com os joelhos estendidos, ergue os braços, sobrepondo uma mão a outra, e leva as duas para a frente até que toquem a régua do banco.
Os estudantes passaram por uma medição de sua flexibilidade ativa (aquela que a pessoa realiza com seu próprio esforço), e passiva (aquela que a pessoa fica relaxada e outra ajuda a executar o movimento). O grupo A realizou cinco minutos de aquecimento e cinco minutos de alongamento, o grupo B fez somente 10 minutos de alongamento e o grupo C realizou cinco minutos de alongamento e cinco minutos de aquecimento.
RESULTADOS
Flexibilidade
Pré-exercício
Pós-exercício
Ativa30,08 cm35,15 cm
Passiva34,43 cm39,55 cm

Pelo quadro observa-se que, depois dos exercícios, tanto a flexibilidade ativa quanto a passiva são maiores – o que vale para os três grupos. E que, a flexibilidade passiva, com a ajuda de um companheiro é sempre maior que a ativa realizada individualmente. Além disso, a diferença é de quase 10 cm entre a flexibilidade passiva depois do exercício e a flexibilidade ativa antes da atividade, na articulação do quadril.
Quando se comparam os resultados entre os grupos, observa-se mais flexibilidade no grupo que fez o alongamento após o aquecimento. 
Por conta desses resultados, os autores do estudo recomendam, devido aos efeitos fisiológicos de cada tipo de exercício, aquecimento para os músculos e articulações, seguido de alongamento para obter maior flexibilidade e elasticidade. 
Benefícios do Aquecimento
Benefícios do Alongamento
  • Aumenta o fluxo sangüíneo nos músculos
  • Reduz as chances de distensão nos músculos
  • Lubrifica as articulações
  • Melhora o desempenho
  • Melhora a elasticidade dos músculos
  • Reduz a dor muscular e acelera a recuperação
  • Aumenta a motivação e excitação
  • Estimula o praticante para o treino
  • Reduz o potencial de lesões
  • Permite que os músculos trabalhem a amplitude dos movimentos
Fonte: Universidade de Brasília